As apostas esportivas online — popularmente conhecidas como “BETs” — têm se disseminado rapidamente no Brasil, especialmente entre os jovens e o público digital. Com fácil acesso via celular, promessas de lucros fáceis e uma intensa publicidade nas redes sociais, esse fenômeno tem gerado preocupação em diversas esferas da sociedade. E os condomínios não escapam dessa realidade.
Neste artigo, abordamos os principais perigos das BETs no contexto condominial e o que síndicos e administradores podem fazer para prevenir danos.
Problemas Financeiros
O vício em apostas pode levar moradores — e até funcionários do condomínio — a situações de inadimplência, comprometendo o pagamento de cotas condominiais, aluguel ou outras obrigações básicas. Em casos mais graves, já houve registros de desfalques no caixa do condomínio por parte de funcionários ou prestadores de serviço envolvidos com jogos de azar.
Problemas Comportamentais
Comportamentos compulsivos, impulsividade, ansiedade e agressividade são comuns entre jogadores compulsivos. Isso pode gerar conflitos em áreas comuns, desrespeito a normas internas e até episódios de violência verbal e física.
Problemas de Saúde
O vício em apostas está associado a altos níveis de estresse, insônia, depressão e até pensamentos suicidas. O ambiente condominial, onde há convivência próxima entre os moradores, pode ser profundamente impactado pela deterioração emocional de indivíduos viciados.
Crescimento do Vício
As BETs são projetadas para estimular o vício: notificações constantes, recompensas imediatas, bônus de apostas e a falsa sensação de controle criam um ciclo de dependência. O problema tende a crescer rapidamente quando não é identificado e combatido.
Acesso a Menores
Outro ponto crítico é o acesso irrestrito que adolescentes e até crianças têm a essas plataformas. Muitos jovens usam cartões dos pais ou maquiam sua idade para apostar. Isso pode gerar um ciclo de vício precoce com graves consequências futuras.
Comissão em Perdas
Diversas plataformas remuneram “influenciadores” por cada novo apostador trazido — inclusive pagando comissões sobre as perdas dos indicados. Essa prática transforma vizinhos ou colegas em promotores de um comportamento nocivo, agravando o problema no ambiente coletivo.
Promoção de Apostas Ilegais
Muitas dessas BETs operam de forma irregular no Brasil, sem licenciamento adequado. A promoção ou incentivo ao uso de plataformas ilegais dentro do condomínio — seja por meio de panfletagem, conversas em grupos ou promessas de ganhos fáceis — pode configurar conivência com atividades ilícitas.
Impacto Econômico
Além dos impactos individuais, o vício em apostas pode afetar economicamente o condomínio como um todo. Inadimplência crescente, conflitos judiciais, necessidade de mediações e, em alguns casos, reparações por danos físicos ou morais, geram custos adicionais que recaem sobre todos os moradores.
Consequências Sociais
O isolamento, a perda de laços familiares e o afastamento das atividades comunitárias são consequências diretas do vício em apostas. Isso prejudica o senso de coletividade essencial à vida condominial, aumentando o clima de desconfiança e instabilidade entre os vizinhos.
Recomendações para os Condomínios
Diante desse cenário, é fundamental que os condomínios adotem uma postura preventiva e acolhedora, sem julgamentos, mas com responsabilidade:
1. Alertar os Moradores
Campanhas de conscientização sobre os riscos das apostas podem ser divulgadas em murais, boletins e grupos de WhatsApp do condomínio.
2. Oferecer Apoio
Estimule a escuta ativa e oriente moradores com comportamentos compulsivos a procurar ajuda profissional ou grupos de apoio especializados.
3. Promover a Saúde Mental
Realize palestras com psicólogos, promova rodas de conversa e incentive a prática de atividades físicas e recreativas.
4. Acompanhar a Legislação
O síndico deve se manter informado sobre a legislação relacionada às apostas online e identificar práticas ilegais que possam ocorrer no condomínio.
5. Denunciar Atividades Ilegais
Caso haja indícios de atividades ilícitas (como apostas clandestinas, acesso de menores, ou aliciamento), o síndico deve procurar orientação jurídica e acionar as autoridades competentes, se necessário.
Conclusão
O vício em BETs não é um problema isolado. Ele atinge famílias, compromete o convívio coletivo e ameaça a saúde financeira e emocional dos moradores. O condomínio, como espaço de convivência, precisa estar atento a essa nova realidade e atuar de forma preventiva, consciente e solidária. É possível, sim, construir um ambiente mais saudável e protegido para todos.
